FOTO: PAULO ROSSI-DP
FUNCIONÁRIOS E PRODUTORES CONTINUAM APREENSIVOS
Há dois dias de completar um mês do
último abate realizado pelo frigorífico da Cooperativa Sul-Rio-Grandense
de Laticínios (Cosulati), no Morro Redondo, a situação dá indícios de
que está longe de ser resolvida. Sem respostas, funcionários e
produtores seguem apreensivos com o destino da maior empresa do
município. A fábrica de rações e o secador de grãos da Cosulati em
Canguçu também estão com as atividades interrompidas. Uma audiência, na
próxima quarta-feira, será realizada em Morro Redondo para debater o
problema que é tanto econômico quanto social. Canguçu deverá discutir o
tema no dia 7 de março.
Enfrentando uma crise no setor de
avicultura desde outubro do último ano, a Cosulati já previa uma
interrupção estratégica nas atividades para buscar soluções ao problema.
A disparada no custo da energia elétrica e a elevação dos preços de
matérias-primas, como o milho e o farelo de soja estão entre as
principais dificuldades. No começo deste mês 118 funcionários receberam
férias coletivas, que se estendem até 11 de março, e outros 40 seguem
trabalhando conforme necessidade. Isto significa, de acordo com a
diretora da área da saúde do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e
Cooperativas da Alimentação de Pelotas, Adelina Macedo, que estas
pessoas vão ao abatedouro em regime de revezamento e em turnos reduzidos
apenas para realizar manutenção do espaço.
Para um dos funcionários da empresa,
servente do abatedouro, estar de braços cruzados e sem informações torna
o processo ainda mais doloroso. Apesar do retorno marcado para o dia 12
de março, há poucas esperanças, na sua opinião, que este de fato
ocorra. “A sensação que se tem é que se a Cosulati fechar, fecha a
cidade.” A afirmação não é exagero do servente. O frigorífico representa
12% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) no município. O impacto do fechamento do abatedouro, no
entanto, seria ainda maior, podendo chegar a um déficit de 20% já que
uma grande fatia da população tem renda ligada à Cosulati.
A vereadora Angélica Milech (DEM), que
juntamente com a colega de parlamento Silvia Islabão (PP), convocou a
comunidade e autoridades para a audiência pública de quarta, considera
que este é um período onde é preciso ter força. “No momento em que
consideramos que o problema não tem solução, consideramos que o
município está diante de uma grande crise social. Estamos pensando em
alternativas, mas é fato que não se tem como absorver todo o quadro de
funcionários em outras áreas. Para se ter emprego será preciso ir
embora.”
Sem perspectivas
Localizada
na BR-392, a fábrica de rações e o secador de grãos da Cosulati no
município também segue sem respostas. Cinco, dos 28 funcionários, já
foram demitidos na unidade que está aberta, porém sem os serviços
funcionando. Mesmo representando bem menos para a cidade, do que
representa em Morro Redondo, a situação da fábrica vem sendo acompanhada
pelo Poder Público. O prefeito Gerson Nunes (PT) diz que mesmo pequena,
o fechamento da unidade, representaria uma diminuição na receita, além é
claro do desemprego. O gestor está no aguardo da audiência pública, no
dia 7, onde espera que a empresa se manifeste quanto à situação.
Portas fechadas
Não é
apenas com os funcionários e produtores que a Cosulati optou por
trabalhar com a política do silêncio. O gestor adjunto da empresa, Jones
Raguzoni declarou à reportagem que “este não é o momento de falar, é de
fazer.” Além disto, Raguzoni diz que não há nada de novo desde a última
declaração da administração. Em janeiro, o diretor-executivo da
Cosulati, Raul Amaral disse ao Diário Popular que havia uma negociação
para investimento com, pelo menos, duas empresas privadas. O ambiente
ainda é negociável, de acordo com Raguzoni, e a preferência, no momento,
é pelo sigilo empresarial.
INFORMAÇÕES: RAFAELLE ROSS-DP