domingo, 18 de janeiro de 2015

NA COLÔNIA Z3 OS PESCADORES VIVEM COM A SAFRA INCERTA DO CAMARÃO

Seguindo a tendência observada nos dois últimos anos, a safra corre riscos de não acontecer, frustrando os desejos de fartura de quem depende da pesca na região (Foto: Jô Folha - DP) 
FOTO: JÔ FOLHA
PESCADORES AINDA ENFRENTAM PROBLEMAS DE DÍVIDAS DA CATEGORIA
SE A PESCARIA FOSSE INICIAR HOJE,A SAFRA ESTARIA COMPROMETIDA

A esperança de uma boa safra de camarão em 2015 ainda anima os pescadores da Colônia de Pescadores Z-3. No entanto, esta pode estar ameaçada pelas nuvens que cobrem os céus de Pelotas desde a primeira segunda-feira do ano, 5 de janeiro. Durante todo o mês de dezembro, a ocorrência de chuvas esparsas na cidade e a permanência do vento sudeste apontavam à possibilidade de uma boa colheita de camarão e outros peixes das águas da Lagoa dos Patos.

As condições eram praticamente ideais para a entrada da água salgada do Oceano Atlântico no estuário da lagoa, fenômeno necessário para o desenvolvimento do crustáceo e de espécies como a tainha e corvina. Porém, seguindo tendência observada nos dois últimos anos, a safra corre riscos de não acontecer, frustrando mais uma vez os desejos de fartura de quem depende da pesca na região.

Até o dia 1º de fevereiro - data da liberação da captura do camarão pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) -, o quadro pode mudar, mas pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) consideram a salinização da lagoa pouco provável, tendo em vista a previsão de chuvas para janeiro e fevereiro. "É quase certo que a Lagoa dos Patos não vai salgar a tempo para a entrada do camarão", afirma o professor do Instituto de Oceanografia da Furg e especialista em biologia pesqueira, Fernando D'Incao.

Nos últimos meses, o Estado registrou índices elevados de precipitação, principalmente na Zona Sul. Todo esse volume de água desaguou na Lagoa dos Patos, o que aumenta o nível do estuário e impede a entrada da água salgada necessária ao desenvolvimento de espécies como o camarão.

Mesmo assim, para os pescadores da Z-3 nada é impossível e a natureza pode surpreender. "Já vi essa lagoa salgar em questão de dias em pleno fevereiro, por isso não duvido de nada", conta Elio Xavier Sabino, 62, quase 50 anos de experiência no mar. Ele é do tempo em que o camarão valia pouco para o mercado da região e uma embarcação lotada era trocada até por um relógio. "Cansei de ver barco voltando cheio de camarão do mercado em Rio Grande e o pessoal ir despejando na lagoa, porque não tinha vendido." 

INFORMAÇÕES: DAIANE SANTOS

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