sexta-feira, 29 de maio de 2015

EX APENADOS GARANTEM RENDA FAMILIAR ATRAVÉS DE COOPERATIVA EM PEDRO OSÓRIO E CERRITO

Integrantes da Cooperativa trabalham na limpeza urbana. No início a aceitação e a disputa com o mercado foram barreiras (Foto: Jô Folha - DP) 
FOTO: JÔ FOLHA
COOPERATIVA COOTRAJOBA GARANTE RENDA AOS EX APENADOS
ATRAVÉS DE CONTRATOS COM PREFEITURAS

A Cooperativa João de Barro (Cootrajoba) foi criada há 12 anos, em Pedro Osório, por iniciativa do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), e seus méritos já foram reconhecidos com o Prêmio Innovare, em 2004, e o Prêmio Estadual de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa em 2005. Hoje, porém, mantém-se em funcionamento graças ao empenho de seus membros e, talvez, à falta de outros caminhos pelos quais pudessem seguir.

Depois de tentativas não muito rentáveis de tocar a olaria adquirida no início do projeto, a estrutura foi arrendada e os trabalhadores passaram a se dedicar a serviços gerais. Contratos com as prefeituras de Pedro Osório e Cerrito para limpeza das ruas e colocação de calçamento dão um mínimo de estabilidade financeira às cerca de dez famílias que hoje dependem da cooperativa. A gestão da entidade, atualmente composta não apenas por ex-apenados, é feita pelos próprios membros.

Ao longo dos anos foram muitos os que por ali passaram, em busca de uma vida melhor. Segundo o atual presidente da cooperativa, Paulo Roberto Iost, 54, em algumas fases da entidade o grupo era formado por até 20 membros. Seja por perseverança, seja por não ter mesmo outra opção, Iost não desistiu. Assim como Genaro Oliveira Vieira, 52, que conta mais de uma década como cooperado. “Nós dois temos filhos menores ainda para sustentar e quando a gente sai (da prisão) já fica marcado, é muito difícil conseguir um trabalho depois”, explica Vieira.

Vindos de um sistema carcerário que pouco faz pela ressocialização de seus apenados, homens como Paulo e Genaro encontram poucas mãos estendidas para que se mantenham longe dos caminhos que os levaram até ali. São poucos os que resistem. Juristas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) defendem que seja em torno de 70% o índice de reincidência criminal no país. Um dos mais altos do mundo. Um estudo mais preciso, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aguarda aprovação no plenário do CNJ para ser divulgado.

INFORMAÇÕES: VINÍCIUS WALTZER

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