FOTO: NAIÔN CURCINO
SUSPEITO CONFESSOU TER MATADO COLEGA DA QUARTEL
Um jovem foi preso preventivamente na sexta-feira (15/1) em Santa
Maria, suspeito de ter matado um colega de quartel para um ritual de
magia negra. Braian Kummel da Silva, 19 anos, confessou à polícia que
assassinou Gilberto Zahn Couto, 19 anos, e disse, reiteradas vezes, que o
fez para "ganhar poder" e, futuramente, formar uma seita.
O corpo do militar foi encontrado de bruços, com sete perfurações de
faca na região do coração e duas no pescoço, na manhã do dia 2 de
setembro no Parque Municipal da Jockey Club, em Santa Maria, de acordo
com o delegado Marcelo Arigony. À época, Silva e Couto prestavam serviço
militar obrigatório no 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado.
Segundo o delegado, em um primeiro momento, pensou-se que o caso
tratava-se de um homicídio simples. No entanto, ao longo da
investigação, conhecedores de assuntos ligados a magia negra falaram
sobre "sete chagas em volta do coração". Eles foram ouvidos
informalmente e confirmaram que, pelos ferimentos, o caso se tratava
realmente de magia negra. Além disso, a vítima foi quase degolada. A
morte também precisava ocorrer em um dia de passagem de lua cheia para
minguante. Investigando o perfil do suspeito no Facebook, os policiais
encontraram diversas postagens referentes a rituais, como imagem de
demônios sobre corpos.
— Ele foi ouvido, e a primeira versão não era compatível. Ele disse
que começou a pesquisar na internet e que, para ganhar poder, teria que
matar alguém, e aí matou o colega. Tenho 17 anos de polícia e nunca
tinha visto nada assim — revela o delegado.
Conforme Arigony, a investigação era complexa, e o suspeito sempre
negou a autoria. Até que, em 18 de dezembro, em cumprimento de mandado
de busca e apreensão, o celular da vítima foi encontrado em uma gaveta
no quarto de Silva. Também foram localizadas várias facas, réplicas de
armas de fogo e uma touca ninja no cômodo. Em um terceiro depoimento, no
final de dezembro, ele acabou confessando o crime, segundo Arigony. A
polícia aguardou mais alguns dias para requisitar o mandado de prisão ao
Judiciário para investigar se não havia outros envolvidos no homicídio —
o que ainda não se confirmou. Silva não tem antecedentes criminais.
Segundo a polícia, na noite de 1º de setembro, Silva convidou
diversos colegas de quartel para sair, mas apenas Couto aceitou. Depois
de passarem em um banco e sacar o salário do mês, eles teriam ido até a
casa do suspeito e jantado. Em seguida, saído para caminhar. No Parque
da Jockey, Silva havia escondido uma faca, conforme a polícia, que teria
sido usada para cometer o crime. Não havia sinais de luta no corpo da
vítima.
— Parece que não houve chance para a vítima se defender. O indiciado
era amigo dele, além de colega, então provavelmente não era esperado -
afirma o delegado.
Silva, que não serve mais ao quartel, foi detido enquanto trabalhava
numa obra na Vila Bilibio. Foi indiciado por homicídio triplamente
qualificado, por motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da
vítima, e por emboscada, e encaminhado à Penitenciária Estadual de Santa
Maria (Pesm). O advogado que acompanhou Silva no começo da investigação
não compareceu à delegacia na prisão do indiciado, e não foi localizado
por Zero Hora.
De acordo com um amigo da família de Couto, que preferiu não se
identificar, a prisão dá um sentimento de justiça e "um suspiro de
alívio" porque diminui-se os riscos de outras famílias passarem pela
mesma dor. A família não conhecia Silva.
Couto era definido como um jovem carismático e trabalhador — antes de
servir, ajudava os familiares na fumicultura em Sobradinho. O corpo foi
sepultado no Cemitério Municipal de Sobradinho no começo de setembro.
INFORMAÇÕES: ZERO HORA/AGÊNCIA RBS/BLOG DO JUARES
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